Dr Florentino Mendes Pereira, no passado dia 03/04 de Fevereiro 2017
Começo por agradecer o amável convite que nos foi dirigido pelo Presidente da Internacional Democrata Centrista para África, Excelentíssimo Primeiro-Ministro da República de Cabo Verde, Dr. Ulisses Correia e Silva, Presidente do Movimento para a Democracia, para estarmos aqui hoje convosco.
Aproveitamos a oportunidade concedida para agradecer a hospitalidade que nos foi resrvada, a melhor de sempre e fazer o elogio deste grande partido, pela maturidade política demonstrada durante um longo período de década e meia de oposição.
Maturidade que lhe valeu o reconhecimento do povo, pelo voto expresso nas urnas. Efectivamente, o MpD arrebatou sucessivamente as várias eleições recentemente decorridas, conseguindo hoje reunir os vários órgãos de soberania numa visão descomplexada de desenvolvimento. Uma visão que se prolonga à escala local, em termos de autarquias.
Ora foi precisamente entre outros locais, na Câmara Municipal da Praia que se destacou a ascensão política do actual dirigente do MpD e chefe do Governo. Humilde e serenamente, foi assentando a sua capacidade e edificando uma competência ímpar, selando com o seu programa de Governo um novo pacto de regime, com espírito de missão e do exercício do serviço público com responsabilidade. Ora é precisamente aqui que se encontra a chave do seu sucesso: na palavra: «SERVIR». Inaugura assim uma nova era, marcada por uma nova forma de exercício de poder, mais próximo das pessoas e das suas preocupações.
Dá ainda, mostras de uma grande sensibilidade e abertura para com os jovens e as suas ideias, ao incentivar o pensamento disruptivo e não conformista. Esta, é sem dúvida, uma oportunidade de ouro para selar um compromisso de governação, para uma década de desenvolvimento, assente na liberdade, na tolerância e no respeito pela diferença. Uma aposta confiante nos valores endógenos, transformada em visão estratégica.
Na Guiné-Bissau, no meu Partido, estamos atentos à emergência do vosso exemplo. Num percurso semelhante ao vosso, também nós estivemos década e meia sob a hegemonia política do antigo Partido único. Perante o beco sem saída para o qual esta a ser empurrado o nosso país, sempre priorizámos o diálogo e viabilizámos entendimentos. Somos parte de uma solução e não dos sempre eternos problemas.
Tal como o MpD diagnosticou para Cabo Verde, é urgente um combate impiedoso aos vícios históricos que afectam a nossa sociedade política.
É imperioso reformar, re-estruturar, racionalizar. Há obviamente uma imensidão de desafios. Riscos a correr nas opções a tomar. Continuam bem vivas velhas ameaças. Há novos perigos à espreita. Há erros do passado a prevenir. Mas há também uma grande esperança depositada na aposta democrática que o povo fez, ao escolher o MpD para governar e conduzir os destinos do país. Trata-se de fazer das tripas coração, como dizem os portugueses. Ou seja, de descobrir como transformar fraquezas em força anímica aglutinadora, capaz de motivar uma renovação da sociedade. Ora é difícil agir em profundidade ao nível das mentalidades.
É necessário um esforço de lealdade, de exemplaridade, para que os eleitores recuperem a confiança nos políticos e na política. Compete aos nossos Partidos, como alternativa assertiva, diligenciar para um desempenho governativo credível. Trata-se de marcar a diferença pela positiva, em termos de consistência política. Os resultados, por incipientes que sejam, não tardarão a aparecer! Perceberemos então que estamos na boa direcção. A caminho da boa governação, da transparência, da eficácia social do papel do Estado, mesmo que a uma escala de desenvolvimento ainda frágil.
O nosso Partido, o PRS, e o vosso, o MpD, estamos unidos pela filiação na Internacional Democrata Centrista. Esta organização congrega Partidos de todo o mundo, com uma visão política de centro-direita, em torno dos valores do humanismo.
A IDC abre-se hoje a todos os credos religiosos, na partilha de princípios ideológicos. Os pilares da vida em sociedade, como a liberdade económica e a igualdade de oportunidades, devem ser intransigentemente defendidos. No entanto, todos conhecemos as especificidades «di nô terra». Todos conhecemos o ambiente de dificuldades e de graves carências, que passam as nossas gentes. A ideologia conserva o seu lugar. Mas deve ser actualizada com a rápida evolução da sociedade, perante o impacto das novas tecnologias. E, também adaptada ao contexto continental, senão mesmo sub-regional.
Pois a nós, Senhores africanos, compete o grande salto. E para isso, temos de dar provas de criatividade. Mas com os pés bem assentes na terra. É imperioso despertar para a valorização da nossa própria identidade. A força do homem africano está na união de esforços e na sábia partilha dos frutos com que a natureza não deixa de premiar o trabalho bem feito. É preciso arregaçar as mangas. Ora, apesar de toda a história conjunta, os nossos dois países, aqui tão perto um do outro, parecem continuar de costas voltadas. O nível de relacionamento é insignificante, entre dois países que partilham a mesma língua, a mesma historia e pertencem à mesma organização sub-regional, a CEDEAO. No entanto, há um mar de oportunidades que nos une.Temos fortes expectativas de crescimento, capitalizando um aumento sustentado da cotação das nossas materias primas no mercado internacional.
No entanto, a Guiné-Bissau tem vindo a ser destino privilegiado de emigrantes dos países vizinhos, que se ocupam do comércio e de outras lucrativas actividades. Cabo Verde precisa da Guiné-Bissau, para se reaproximar do continente. Há imensas oportunidades para explorar as complementaridades estabelecidas por mais de meio milénio de história em comum. Todos temos a ganhar. Seria puro desperdício não o fazer.
Neste sentido, gostaria de fazer um veemente pedido a Sua Excelência o Presidente do MPD e da IDC Africa, como legítimo Chefe do Governo de Cabo Verde. Saibamos agarrar a ocasião, dadas as circunstâncias de os nossos Partidos se encontrarem à frente dos destinos dos nossos respectivos países, para refundar uma aliança cujos benefícios mútuos são incomensuráveis.
Não duvido que poderíamos inscrever essa experiência na história, não só dos nossos dois pequenos países, como mesmo servir de exemplo para a sub-região ou até para toda a África. Como em tempos sonhou por nós Amílcar Cabral. Insisto. Deveria ser quase uma obrigação moral: unir os nossos dois Partidos, unir os nossos dois Povos. É um dever de simples bom senso, o estreitamento e aprofundamento de todo o tipo de relações entre nós. Há que saber colher proveitos onde estes podem ser colhidos.
Assim, termino agradecendo a vossa atenção e bom acolhimento, esperando que as sementes de cooperação que ora lançamos neste chão irmão, se não haverão de perder. Não! Pelo contrário. Temos fé que ramifiquem e frutifiquem em abundância, numa nova e positiva convivência.
Bem haja a todos e a todas.
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