EMBAIXADOR
GUINEENSE NÃO QUER “CONTRADITAR” MNE PORTUGUÊS NO CASO RTP/RDP ÁFRICA
Lisboa, 04
jul (Lusa) – O embaixador guineense em Lisboa afirmou hoje que não quer
contraditar o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos
Silva, no “incidente” ligado à suspensão das atividades e emissões dos canais
África da RTP/RDP na Guiné-Bissau.
Helder Vaz
Lopes escusou-se, desta forma, a avançar mais pormenores sobre o que qualificou
como “pequeno incidente” entre os governos guineense e português, relacionado
com a decisão de Bissau em suspender as emissões da RTP África e RDP África que
alegando a caducidade do protocolo assinado a 31 de outubro de 1997.
O diplomata
guineense não quis gravar quaisquer declarações, alegando que a Guiné-Bissau
tem uma “agenda construtiva” nas relações bilaterais com Portugal e que
pretende resolver um “pequeno problema, um acidente de percurso” que,
assegurou, “não afeta nem afetará” as relações entre os dois Estados.
Mais do que
isso, acrescentou, o Governo da Guiné-Bissau pretende “ampliar” as relações de
cooperação na área da comunicação social, quer pública quer privada”,
insistindo ainda na ideia de que “não passa pela cabeça” do executivo guineense
“criar obstáculos” à liberdade de expressão ou de opinião.
O diplomata
guineense aludia a declarações de Santos Silva, que, conhecida a decisão de
Bissau, a 30 de junho, indicou tratar-se de “um atentado à liberdade de
expressão e à liberdade de imprensa”, lamentando-a e considerando ainda que
“este tipo de ultimatos é inaceitável”.
Helder Vaz
falava aos jornalistas da agência Lusa e da RDP África numa pausa dos trabalhos
de um debate intitulado “Os Desafios da Comunidade Guineense em Portugal”,
organizado pelo Grupo Parlamentar de Amizade Portugal/Guiné-Bissau, que decorre
na Assembleia da República em Lisboa.
Na abertura
do debate, que contou com a presença da secretária de Estado dos Negócios
Estrangeiros e da Cooperação portuguesa, Teresa Ribeiro, o diplomata guineense
criticou a “falta de responsabilização” que disse existir nos canais África da
RTP/RDP, suspensas na Guiné-Bissau desde 01 deste mês.
“Há pessoas
que os têm usado para fazer luta partidária, que usam os canais públicos
portugueses para fazerem programas partidários”, afirmou Helder Vaz, que
criticou os “excessos de linguagem” nas críticas contra o Governo guineense.
“Queremos
que se distinga entre a atividade política e a atividade jornalística”, afirmou
Helder Vaz, que tinha também na plateia representantes de cerca de dezena e
meia de associações e instituições guineenses da diáspora.
“Já se sabem
as posições dos dois lados e a mim cabe-me fazer pontes. E é isso que tenho
estado a tentar fazer”, sublinhou Helder Vaz, que não adiantou mais pormenores.
Na sua
intervenção, Teresa Ribeiro escusou-se a comentar as palavras de Hélder Vaz,
alegando que o Governo português “já clarificou a sua posição em várias
ocasiões”, optando por lembrar que Portugal “é sempre aliado” da Guiné-Bissau
em todos os fóruns internacionais, realçando o caso da União Europeia (UE).
“Quero
deixar aqui uma mensagem de comunhão de laços que nada pode separar”, afirmou a
governante portuguesa que, também numa pausa dos trabalhos, garantiu à Lusa e à
RDP África que este “incidente” em nada vai afetar as relações entre os dois
países.
A 30 de
junho, o ministro da Comunicação Social guineense, Vítor Pereira, anunciou a
suspensão das emissões dos canais África da RTP e RDP e da agência Lusa a
partir das 00:00 de 01 deste mês, alegando a caducidade do protocolo assinado a
31 de outubro de 1997.
Vítor
Pereira, porém, acabaria por excluir, no mesmo dia, a agência noticiosa
portuguesa da suspensão das atividades.
Já a 01
deste mês, o ministro da Comunicação Social guineense convocou nova conferência
de imprensa, em que justificou que a decisão de suspensão das atividades da
rádio e televisão pública de Portugal no país “não é uma questão política, mas
apenas técnica”.
A
Guiné-Bissau tem vivido uma situação de crise institucional desde as últimas
eleições, com um afastamento entre o partido vencedor das legislativas e o
Presidente da República, também eleito.
JSD // ANP – Lusa/Fi
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