Discurso do fim do ano 2017: JOSÉ
MÁRIO VAZ ELEGE 2018 ANO DE RECONCILIAÇÃO NACIONAL
Por BAMBARAM DI PADIDA:
No seu tradicional discurso do fim
do ano, o Presidente da República, José Mário Vaz, assegura que o ano 2018 é
uma oportunidade ímpar para os guineenses darem o início à construção dos
fundamentos para uma verdadeira reconciliação nacional. Adianta ainda que
“mesmo que seja com ‘pequenos passos’ – devemos corrigir as injustiças, olhar
para os erros e apreender com as lições do passado”. Em voz firme, o
Chefe de Estado diz que “não podemos deixar que pequenas coisas nos dividam,
todos somos irmãos e é certo de que um dia já divergimos em algum momento nas
nossas vidas, mas nem por isso não reconsideramos as nossas posições”.
Sobre a crise
político-institucional, José Mário Vaz, afirma que cada um tem a sua quota
parte da responsabilidade, seja ela direta ou indiretamente, seja por ação,
seja por omissão do dever de participação cívica.
“Ao longo deste ano, o ambiente nos
debates entre políticos foi mais inflamado do que mandam as regras da sã
convivência e da boa educação, e consequentemente afetou toda a sociedade em
geral, criando mal-estar nas nossas casas, entre irmãos, amigos, vizinhos”,
espelhou.
No registo das realizações
positivas, Vaz destacou, no seu discurso, a participação dos Djurtus no
CAN, a campanha de comercialização de castanha de cajú cujo preço ao produtor
atingiu 1.000 XOF/Kg, o crescimento da economia guineense, a recuperação da
confiança de alguns parceiros internacionais, a boa gestão das finanças
públicas, o pagamento ininterrupto de salários, a regularização dos atrasados
com algumas organizações nacionais e internacionais.
Eis na íntegra o discurso de Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz:
Eis na íntegra o discurso de Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz:
Caros Guineenses,
Termina mais um ano, mais um ano na
vida de cada guineense e mais um ano como Presidente da República, cargo esse
que me foi confiado pelo nosso povo.
Aproveito esta oportunidade para apresentar os meus mais calorosos
cumprimentos de Novo Ano – aos cidadãos guineenses, residentes no país ou no
estrangeiro e aos cidadãos estrangeiros que escolheram o nosso país para viver
e trabalhar.
Igualmente aproveito esta ocasião para aqui deixar uma palavra de
apreço e de solidariedade às mulheres e homens que integram a força da ECOMIB
que, longe das suas famílias, num país que não é o seu, numa missão de paz,
passam connosco mais uma quadra festiva.
Desejo a todos, um Feliz Ano de 2018, fazendo votos que seja um Ano
de paz, harmonia, tolerância e de reconciliação.
Caros Compatriotas,
O ano de 2017, foi mais um ano de aprendizagem, com alguns avanços e
recuos, mas não podemos perder o que de bom conseguimos realizar ao longo deste
ano e corrigir o que falhou. Devemos avaliar as estratégias menos
bem-sucedidas, para naturalmente, aprendermos com os nossos próprios
erros.
É verdade que ainda ao longo deste ano de 2017, não conseguimos alcançar
todas as metas traçadas com as quais sonhamos e cujo objectivo é melhorar a
vida dos nossos irmãos guineenses.
Mulheres e Homens Guineenses,
Não podemos perder a esperança. Sei que a vida dos guineenses não é a
vida que desejamos enquanto irmãos, e enquanto dirigentes que o povo elegeu.
Mas eu Acredito no Amanhã.
Vamos iniciar um ANO NOVO, e com ele temos que renovar as nossas
esperanças e ter a coragem para iniciar uma nova etapa.
Eu, na qualidade de Presidente de República, convido cada guineense a
fazer uma reflexão sobre os acontecimentos que marcaram, a nossa vida no ano
2017 e a fazerem uma análise sobre atual situação política do país. Olhemos não
para as palavras, mas para os actos concretos de cada actor político
e retiremos conclusões objectivas e com ponderação.
Em relação à crise político-institucional, não podemos isentar
ninguém das responsabilidades que lhes cabem enquanto cidadão, ou seja, cada um
de nós tem a sua quota parte da responsabilidade, seja ela directa ou
indirectamente, seja por acção, seja por omissão do dever de participação
cívica.
Ao longo deste ano o ambiente nos debates entre políticos foi mais
inflamado do que mandam as regras da sã convivência e da boa educação, e
consequentemente afectou toda a sociedade em geral, criando mal-estar nas
nossas casas, entre irmãos, amigos, vizinhos.
O atual momento político de crispação que vivemos, é inegavelmente uma
experiência negativa na nossa democracia, mas podemos igualmente considerála
como uma oportunidade para os guineenses encontrarem novos caminhos e
abordagens para a concretização da tão almejada reconciliação nacional.
Mas, será que conseguimos dar passos em frente no caminho pretendido?
Apesar das desavenças, eu, acredito que nós demos passos
significativos, mas não o suficiente, porque estou convicto de que podemos
fazer ainda mais e melhor. O guineense quando quer, faz!
O ano de 2017 foi marcado por: - Os Djurtus fez-nos viver um dos melhores
momentos no Desporto, vimos a nossa bandeira a ser levantada e dignamente
representada no CAN pelos nossos jogadores que no peito transportavam a
esperança de um povo, nesse momento todos os guineenses uniram-se e juntos
torcemos pela vitoria da nossa seleção nacional. Obrigado Djurtos por nos terem
feito sonhar e continuamos a acreditar nas vossas capacidades, apesar de o
resultado não ter sido o desejado.
- 2017 foi o melhor ano para a campanha da castanha de Cajú, o preço
da castanha no produtor atingiu 1.000XOF/Kg
- Registamos um crescimento da nossa economia;
- Recuperamos a confiança de alguns parceiros internacionais;
- Colocamo-nos a prova e através da boa gestão das nossas finanças
públicas, conseguimos com os nossos recursos internos cumprir os nossos
compromissos, como o pagamento ininterrupto de salários,
regularização dos atrasados com algumas organizações nacionais e
internacionais, fizemos investimentos dentro do previsto no programa
de investimento público (PIP), entre outros marcos de sucesso;
- Apostamos fortemente na agricultura e apoiamos os nossos
agricultores no aumento da produção do arroz para consumo interno e demos
inicio à exportação de alguns produtos agrícolas nacionais, nomeadamente a
batata-doce.
- Apoiamos as nossas mulheres nas ilhas que há muito enfrentavam
dificuldades na conservação do seu pescado, e hoje esta em curso a instalação
da uma fábrica de gelo;
De gota a gota, vamos encher o nosso oceano de esperança, o futuro
não se constrói em três anos e meio, com discursos bonitos, mas sim com
trabalho, com muito trabalho, com "Mon-na-Lama" e apoiado com o
dinheiro do Estado no cofre do Estado.
Defendi sempre a erradicação da fome, mais e melhor educação para
todos, maior coesão, menos desigualdade e reforço da nossa unidade afim de
manter o clima de estabilidade que conquistamos ao longo destes três anos e
meio.
Tenho dito em diversas ocasiões, temos todas as ferramentas para
fazer avançar o país.
O nosso país vive uma paz civil autêntica – durante os três anos e meio do
meu mandato – graças às nossas forças de defesa e segurança, não houve um único
tiro nos quarteis.
Não há crianças órfãs porque o pai morreu por questões
políticas.
Não há mulheres viúvas porque o marido morreu por
questões políticas.
Na Guiné acabaram as mortes politicas.
Ninguém foi morto ou espancado por razões políticas.
Não foram registados casos de prisões arbitrárias.
Há liberdade de expressão, de imprensa e de manifestação.
Na Guiné-Bissau hoje, não se colocam questões de violações de direitos humanos.
Meus irmãos, o tempo do ódio acabou, mesmo que deixe de ser
Presidente da República hoje, eu sei que o meu país mudou.
Caros Compatriotas e amigos da Guiné-Bissau,
Apesar de tudo, estes três anos e meio ajudaram o nosso povo a
conhecer melhor todos os políticos da nossa praça, sobretudo poderão avaliar
aqueles que poderão fazer algo para o nosso país quer hoje quer no
futuro.
Durante o ano de 2017, percorremos muitos quilómetros da nossa Guiné
profunda para visitarmos o nosso país de norte, sul e ilhas, e conhecer os
reais problemas do nosso país e do nosso povo, sobretudo como vivem os nossos
irmãos que partilhamos a mesma identidade, o mesmo território, mas vivemos em
condições diferente.
Foi uma experiência única, poder visitar as nossas regiões, as nossas
cidades, as nossas tabancas, as nossas ilhas, foi gratificante pela forma
calorosa como nos receberam por todos os lugares por onde passamos.
Mas também, foi com profunda tristeza e preocupação o que vimos no
terreno, a falta de condições mínimas da nossa população em várias
Zonas Visitadas.
No interior do país falta quase tudo para não dizer tudo. O nível péssimo
de cuidados primários, a educação, o saneamento básico, os acessos e as
condições difíceis para a produção de alimentos de que o nosso povo necessita
são as preocupações reais e constantes do Presidente da República.
Manter o país com esse nível de assimetria pode contribuir na
descredibilização da política e dos políticos na medida em que, somos eleitos
pelo mesmo povo e devemos estar ao serviço de todos os Guineenses.
Ainda durante as visitas ao interior, mais concretamente aquando da
visita às bolanhas identificamos famílias que perderam quase tudo, devido às
catástrofes naturais, e muitas famílias ficaram sem meios de sobrevivência.
Estas famílias que já eram em si vulneráveis e com as mudanças climáticas
ficaram pior e a sua sobrevivência requer o apoio e o acompanhamento do
Estado.
Através dos apoios de parceiros como a República Popular da China
conseguimos apoiar inúmeras famílias distribuindo arroz para o consumo e desta
forma minimizar o sofrimento das mesmas.
Caros Compatriotas,
Não podemos esquecer de que só juntos e unidos podemos engradecer a
nossa pátria amada. Ninguém pode ter a pretensão de pensar que é único, capaz
de trabalhar ou ocupar um determinado lugar. Somos todos guineenses, temos
muitos guineenses capazes e reconhecidos por esse mundo fora, com vontade de
dar o seu melhor por este país.
Nós os políticos temos uma grande responsabilidade, porque o povo
depositou confiança em nós e deu-nos voluntariamente o seu voto e por isso
temos que fazer mais e melhor pelo povo.
Temos que ter respostas acertadas em palavras e actos face ao que o
nosso povo quer e espera de nós, isto é, tranquilidade, melhores condições de
vida e um futuro diferente do que conheceu até aos dias de hoje.
Caros Guineenses,
Assim sendo, o trabalho de cada um de nós ou melhor, só com o
trabalho de todos nós, o nosso país será um grande país.
Reafirmo com orgulho que esta pátria que nos viu nascer, só a nós nos
pertence. Não se deixem levar por aqueles que só pensam nos seus
interesses pessoais, família ou de grupo.
Hoje devemos concentrar as nossas forças em defesa do interesse
comum. A Guiné-Bissau é de todos, e a Guiné-Bissau é para todos, sem
raça e nem cor, sem religião, sem distinção de qualquer natureza.
Mesmo todos juntos, somos poucos para enfrentar o desafio que temos
pela frente e, portanto, ninguém pode ou deve ficar para trás. Por isso esta
caminhada só faz sentido se estivermos juntos.
Caros Compatriotas,
O início de 2018 constitui uma oportunidade ímpar para os guineenses
darem início à construção dos fundamentos para uma verdadeira reconciliação
nacional.
Mesmo que seja com “pequenos passos” – devemos corrigir as injustiças,
olhar para os erros e apreender com as lições do passado. Não podemos deixar
que pequenas coisas nos dividam, todos somos irmãos e é certo de que um dia já
divergimos em algum momento nas nossas vidas, mas nem por isso não
reconsideramos as nossas posições.
É verdade que todos nós já mostramos sinais de cansaço com esta crise
que se tem arrastado ao longo deste dois anos e meio e que provocou sofrimento
para todos nós.
Os próximos dias serão cruciais para
mostrarmos ao mundo que nós guineenses somos capazes de resolver os nossos
problemas internos. Nós não devemos confiar mais nos outros que vêm
de fora, desvalorizando e deixando de lado os nossos irmãos. Essa atitude não é
boa para a imagem do nosso povo e nem para o nosso país.
Nós, guineenses temos maturidade
suficiente para reconhecer o bem e o mal e o penoso impacto que esta crise vem
causando junto do nosso povo.
Tanto o acordo de Bissau, o Acordo de Conacry e o roteiro
recentemente apresentado em Abuja na Cimeira dos Chefes de Estado da CEDEAO são
instrumentos validos e estão disponíveis para serem apropriados pelos atores
políticos e pelo nosso povo. O Roteiro apresentado na Cimeira da
CEDEAO é um instrumento importante, pois é o que faltava para detalhar os
passos no caminho a seguir para a implementação dos Acordos de Bissau e de
Conakry. Face a esses instrumentos não há nada que nos impeça de reconciliar ou
impedir o nosso entendimento.
Aos nossos políticos,
aos nossos jovens, as nossas mulheres, mães e irmãs, aos nossos homens grandes,
a nossa comunidade na diáspora e à sociedade civil em geral, convido a
caminharmos juntos, de mãos dadas, com os olhos postos no futuro, para o bem do
nosso país. Assim, juntos, colocando de lado ambições e egoísmos, construiremos
um novo ano diferente, uma paz sólida e duradoira, alicerçada no
desenvolvimento da terra que partilhamos, “Tchon ku nô Djunta”.
Guineenses, Façamos de
2018 o ano da Reconciliação!
Desejo a todos, um Feliz Ano de 2018, fazendo votos que seja um Ano de reconciliação, paz, saúde e prosperidade para a grande família Guineense.
Os nossos agradecimentos a todos os nossos parceiros internacionais e em especial a CEDEAO pelo esforço na resolução desta crise interna.
Desejo a todos, um Feliz Ano de 2018, fazendo votos que seja um Ano de reconciliação, paz, saúde e prosperidade para a grande família Guineense.
Os nossos agradecimentos a todos os nossos parceiros internacionais e em especial a CEDEAO pelo esforço na resolução desta crise interna.
Mulheres e Homens Guineenses,
Reafirmo a minha convicção de que, com a determinação e coragem que sempre caracterizaram o povo guineense, vamos vencer, mais este desafio da reconciliação nacional. E juntos seremos mais fortes, mais solidários, e é o que nosso povo espera de todos e de cada um em particular.
Orgulhamo-nos de que a nossa união que fez a diferença no passado, terá que ser a nossa ferramenta, e a nossa força no presente e no futuro.
Eu acredito. Peço-vos que acreditem que podemos reconstruir o nosso país!
A todos os guineenses um Feliz Ano Novo!
Viva a República da Guiné-Bissau!
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e ao seu povo!