PAIGC VÍTIMA DA SUA PRÓPRIA HIPOCRISIA:
ENTRE O DESAFIO DA HONESTIDADE DE RECONHECER A SUA DÚRA REALIDADE INTRÍNSECA OU
RECURSO A TÁTICA DE PROPAGANDA POLÍTICA INTRIGUÍSTA E CALUNIOSA.
O PAIGC é hoje, (diga-se, mas eu duvido) um
“partido político” na Guiné-Bissau que a 19 de Setembro de 1956, foi fundado
pelo Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida,
Fernando Fortes e Elisée Turpin como movimento de luta,
defendendo a independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde da colonização do regime
ditatorial portuguesa do então. O Cabral e seus cinco companheiros
lutaram sempre pela observância de valores no partido e tiveram sempre
discursos com valores éticos dignos de líderes que claramente sabiam o que
queriam para o seu povo. Mas a partir dos anos de 1980 a esta parte,
instalou-se no PAIGC uma pobre elite política quer em espírito como em visão
política para conceber e implementar um sólido projecto político capaz de
projetar o desenvolvimento estrutural da Guiné-Bissau e por consequente, o que
passou a funcionar foi cada um lutar-se para resolver os seus problemas e nunca
resolver os do país, transformando assim a Guiné-Bissau num dos países mais
pobre do mundo.
A partir de momento em que esta elite assumiu o
controlo do partido e do país, passou-se a abusar e a exagerar na infeliz
consideração de ser o dono e senhor de tudo isto, sob pretextos de ter
adquirido com a luta da independência da Guiné e Cabo Verde, o estatuto
absoluto e indiscutível do libertador dos povos destes dois países irmãos.
Com esta forma de pensar, o PAIGC revela-se ser
um perigoso ignorante do facto de que há muito tempo, antes da sua existência,
o Povo da Guiné-Bissau já se dedicou na luta pela sua libertação do
colonizador, portanto, mesmo sem o PAIGC o Povo guineense libertar-se-ia na
mesma, porquanto o PAIGC enquanto um simples movimento jamais conseguiria
libertar um Povo robusto como é o da Guiné-Bissau se este mesmo não estivesse
inteiramente envolvido na causa desta liberdade.
O Povo abençoou os camaradas com o reconhecimento
de o liderar na luta pela sua independência, mas isso não foi e nunca
poderá ser tão suficiente para outorgar ao PAIGC o direito de ser
proprietário deste humilde e martirizado Povo guineense. É esta a “nua e crua”
verdade que estes senhores do império algum dia crerão que o Povo descubra.
Porquê? Porque tendo a independência como o único objectivo que tinham para se
levantar para o combate e sendo isso a única causa que muito bem se perceberam,
todo o resto que nos dizem não passa de “falácias e apenas falácias” mas que na
realidade nada disso se percebem o que
é, e nem como se faz ou seja a construção de um Estado moderno, isto é, o tal
Estado de Direito e Democrático com vista ao desenvolvimento económico, social
e cultural de que o povo tem
direito. Não, disso o PAIGC não entende absolutamente nada. O que este partido
de facto percebeu muito bem é de que, uma vez conseguido a independência, logo
conquistou o direito de sempre e eternamente cobrar do povo a factura de ser o
seu único dono e senhor transformando-se assim num partido dos casos: intriga, corrupção, peculato, nepotismo,
enriquecimento fácil e disputa desenfreada de lugares no governo ou nos altos
cargos públicos. Como dá para se
perceberem, este é senário de um autêntico "salve-se quem puder", em
que uns apareceram milionários de repente ao lado dos que nada têm. "O
vértice da elite política, isto é, os dirigentes, procurando sempre ficar cada
vez mais rico", esquecendo os outros, associando-se a antagonismos:
combate de combatente contra combatente, dos valores morais já não se fala faz
tempo e foi sempre assim até ao ponto em que se quebrou o consenso no PAIGC, o
consenso étnico gerado durante a luta pela libertação, nascendo conflitos, uns
atrás dos outros, numa espiral que vinha perdurando até hoje ficar claro que os
camaradas perderam o controlo da situação.
Portanto, é esta a dura realidade que os nossos
irmãos guineenses que estão agrupados nessa coisa maldosa chamada PAIGC deve
vencer o orgulho e assumir a honestidade e reconhecer que de facto, têm um
problema grave criado por eles mesmos e que enquanto persistir não só os
militantes destes partido é que vão sofrer as consequências disso, mas sim todo
o País tal como se vive neste preciso momento na Guiné. Com um País totalmente
paralisado a quase um ano por causa única das crónicas crises internas no
PAIGC.
Não adianta lançar culpa às costas dos outros
como está a tentar fazer o já falhado presidente deste partido Domingos Simões
Pereira com a sua tática de lançar mãos a propaganda política de intriga e de
calúnia contra adversários políticos de estarem a levar a cabo um golpe de
Estado contra o seu Governo nado-morto.
Que o PAIGC saiba de uma vez por todas que ganhou
quase todas as eleições na Guiné-Bissau e quase sempre com a maioria absoluta
mas nunca tem conseguido governa o País por causa da sua hipocrisia de nunca
quiser reconhecer que tem um problema interno grave que nunca lhe permitirá governar
por mais que se façam eleições e por mais que as ganhe com 100% dos deputados
na ANP.
Entretanto, enquanto o PAIGC continuar neste
infantilismo de fingir que não sabe o que está a passar com ele (de que tem um
cancro) que já está a causar danos não só a ele mas, a todo um povo, é preciso
que o povo se acorde e o destrone definitivamente das rédeas de conduzir os
seus destinos.
Por HOTNA
CUFUK NA DOHÁ, político por “vocação e convicção”.
Lisboa,
12/05/2016.
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