Na sequência da missão do Conselho de
Paz e Segurança da União Africana e das subsequentes reuniões do referido
Conselho, os seus membros decidiram pelo seguinte:
Reiterar a convicção da União
Africana que só um diálogo autêntico e inclusivo, baseado no respeito pela Constituição,
permitirá às partes ao conflito encontrarem uma solução consensual à atual
crise que conhece o país e criar condições necessárias para consolidar a paz, a
estabilidade e a reconstrução pós-conflito.
Assim, o Conselho de Paz e Segurança
encoraja todos os atores políticos guineenses a fazerem prova de contenção, e a
salvaguardarem o interesse do país, participando num diálogo inclusivo com
vista a resolver os seus diferendos políticos e fazer todo o possível para preservar a paz e a estabilidade
afim de favorecer o desenvolvimento socioeconómico e aliviar o sofrimento do
povo da Guiné-Bissau.
Felicita os esforços desenvolvidos
pela Comunidade dos Estados da África Ocidental, (CEDEAO), em particular
através da ação do seu Presidente em exercício, o Presidente Macky Sall do
Senegal, o e o ex-Presidente Olusegun Obasanjo da Nigéria.
O Conselho toma
ainda nota dos esforços desenvolvidos pela CPLP a favor da paz e da
estabilidade na Guiné-Bissau. O Conselho reconhece por outro lado a importância
crucial de que reveste o papel da Missão da CEDEAO na Guiné-Bissau, (ECOMIB) na
estabilização do país, assim como as dificuldades operacionais e financeiras
com que ela se confronta.
Com este efeito, o Conselho solicitou a Comissão para
desenvolver esforços conjuntos com a CEDEAO para mobilizar recursos financeiros
para a ECOMIB e reforçar as suas capacidades, que compreende o reforço do seu
pessoal militar.
Reconhece por outro lado que o
Governo e o povo da Guiné-Bissau estão confrontados com grandes desafios na
restauração da paz e estabilidade, assim como nas reformas dos sectores de
defesa e segurança e da justiça e a ameaça potencial que representa não tomar
em consideração as necessidades urgentes das forcas militares e de segurança o
que pode representar para a fragilidade da estabilidade no pais.
O Conselho,
face a isso, solicitou a Comissão para encetar diligências necessárias com
vista a apoiar com urgência a mobilização dos recursos financeiros e outros
para acompanhar a reforma dos sectores de segurança e justiça, em particular o
fundo de pensão, a renovação e reestruturação do comando atual, o financiamento
e a implementação do Fundo de Pensão e de Reintegração, a reinserção social dos
antigos combatentes, a reforma do sistema de segurança assim como as atividades
prioritárias de formação e reciclagem e sobretudo o financiamento de projectos
com impacto rápido.
O Conselho de Paz e Segurança
solicitou ainda a Comissão para iniciar contactos com as autoridades guineenses
com vista a identificar medidas concretas através das quais a União Africana e
as suas estruturas competentes possam contribuir melhor para a estabilidade e a
paz na Guiné-Bissau.
O Conselho de Paz e Segurança decide
apoiar os esforços visando encontrar uma solução rápida e consensual à crise
que conhece a Guiné-Bissau. Pede ainda à Presidente da Comissão que proponha
com carácter urgente uma Equipa de facilitadores de alto nível para interagir
com os atores políticos guineenses com o objectivo de criar as condições
favoráveis e facilitar o diálogo entre eles e que compreenda a promoção de um
acordo inclusivo de estabilidade governativa e de coexistência pacífica.
Decide por outro lado apoiar o
processo em curso sobre a reforma da Constituição com o objectivo de clarificar
entre outros, os poderes dos órgãos soberanos do Estado, para reforçar o Estado
de Direito, a separação dos poderes e manutenção dos equilíbrios do sistema
político nacional compreendendo a criação de um Tribunal Constitucional.
Neste
sentido o Conselho exortou a Presidente da Comissão no sentido de despachar com
urgência uma missão técnica, compreendendo especialistas jurídicos para avaliar
as melhores vias e meios que permitam à União Africana ajudar no processo de
revisão Constitucional.
Ė solicitado ainda à Presidente da
Comissão que envie igualmente uma missão mais abrangente para identificar as
necessidades atuais para as atividades de reconstrução pós – conflito, assim
como avaliar a disposição das autoridades guineenses na promoção e organização
da Conferência para a reconciliação
nacional, o diálogo entre os atores políticos e a sociedade civil, para
ultrapassarem os obstáculos que entravam a estabilidade e o desenvolvimento do
país.
Finalmente, o Conselho de Paz e
Segurança lança um veemente apelo ao governo e ao povo guineense e aos
parceiros internacionais, a prosseguirem os seus esforços de reconstrução da
Guiné-Bissau, em particular nos domínios da recuperação socioeconómica, da
reforma dos sectores da justiça, da defesa e segurança assim como na promoção
do processo de reconciliação nacional.
A situação na Guiné-Bissau continuará
na agenda do Conselho de Paz e Segurança.
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