quinta-feira, 12 de maio de 2016

OBRIGADO DR.FERNANDO CASIMIRO, POR ESTA SUA CARTA ABERTA

                                    Fernando Casimiro

Carta aberta a Sua Exa. Dr. José Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-Bissau
Exa. Sr. Presidente,

O momento não é para felicitações ou reprovações, mas sim, para aceitação do realismo da necessidade duma decisão, a sua decisão, legitimada, por direito, segundo a Constituição da República, face à insustentável crise política que, ao longo de meses e perante registos de manifestações práticas de boa-vontade, de guineenses, amigos da Guiné-Bissau, organismos e parceiros internacionais, visando soluções consensuais e sustentáveis para a solução da crise, não redundaram em entendimentos, em consensos e na viabilização do admissível e desejado enquanto programa e agenda de estabilidade política e governativa para a Guiné-Bissau.
Exa. Sr. Presidente da República,

Vossa decisão manifestada através do decreto-presidencial nº 1/2016 de 12.05.2016 ainda que não tenha sido explícita no discurso à Nação que antecedeu esse decreto, criando espaços para interpretações segundo o entendimento ou interesse de cada um, não deixa de merecer consideração, porquanto ser legítima, ao abrigo da Constituição da República e face aos argumentos apresentados.

A Guiné-Bissau, Sr. Presidente, precisa de Estabilidade Política e Governativa.

Precisa de COMPROMISSOS e CONSENSOS de todos, entre o político, o social, o judicial e o militar, tendo em conta, as particularidades do nosso Estado e não, propriamente, a definição e a incidência, teóricas, do conceito abrangente e da multidisciplinaridade do Estado de Direito e Democrático, segundo os conceitos/padrões académicos.

Precisa de Seriedade e Harmonia, entre todos, para que a Confiança seja resgatada, num país em que todos desconfiam até da própria sombra.

Sem questionar a legitimidade da sua decisão, Sr. Presidente, gostaria, mui humildemente, de lhe aconselhar a rever o percurso dos 2 anos de 3 que ainda lhe restam de mandato, a fim de repensar o seu percurso de aprendizagem, entre o que de bom conseguiu fazer e o que de negativo deixou registado.

A aprendizagem ao longo da vida, não se esgota com nenhuma formação académica; esgota-se com a morte, destino final de todos os humanos, por isso, Sr. Presidente, faça os possíveis para continuar a aprender ao longo da vida.

Ninguém estuda para ser Presidente da República, não há nenhuma disciplina curricular, em nenhuma universidade do mundo, para candidatos a Presidente da República.
Não tenha, não sinta complexos, se alguém achar que não está preparado para o exercício do seu cargo.

Faça tudo para perceber o porquê de uns e outros acharem que não está preparado para o exercício do cargo e prepare-se afincadamente para merecer a confiança do seu povo!
Ganha o Sr. Presidente, ganha a nossa Guiné-Bissau, ganha o nosso Povo!

Independentemente da sua formação académica, um Presidente da República deve preocupar-se com a aprendizagem ao longo da vida, na vertente de relacionamento humano.
A Política pressupõe entre todas as teorias e retóricas, servir o Estado e o Povo, ou não terá relação com o conceito de Democracia e de Estado.

Fui e continuarei a ser seu crítico, sempre que em meu entender não estiver a cumprir com o seu juramento constitucional para com o Estado e o Povo; para com a Constituição e as Leis da República.
Porém, como já manifestei algumas vezes, face à crise política guineense, tenho notado melhorias no seu percurso de aprendizagem, sim, aprende-se a ser Presidente da República e espero continuar a dar-lhe o benefício da dúvida, em nome da Guiné-Bissau, sem passar-lhe um "cheque em branco" que lhe motive a aprendizagens de atitudes e comportamentos ditatoriais que fizeram escola na Guiné-Bissau.

Do seu passado, escrevi no passado. Estamos no presente e sem me esquecer desse passado, não posso sustentar o seu passado para sustentar posicionamentos dum percurso distinto no cargo para o qual foi eleito pela maioria do nosso povo em 2014 como Presidente da República.

Espero que da sua decisão, de mais uma demissão de Governo, haja uma luz capaz de projectar, iluminar, um novo rumo para a Guiné-Bissau, sob pena de, Sr. Presidente, suas decisões deixarem de ter crédito, quiçá, de merecer a confiança, não só do Povo Guineense, mas igualmente, dos Parceiros da Guiné-Bissau.

Não se pronunciou sobre o Governo que substituirá o demitido por decreto, mas importa que o faça urgentemente, para evitar espaços vazios entre a demissão do governo e a indigitação do novo Primeiro-ministro e, consequentemente, a formação do novo Governo.

Exa. Sr. Presidente da República,
Das reivindicações e sustentações duns e doutros, numa abordagem de conflitos institucionais entre os órgãos de soberania, importa que retenha o positivo e o negativo da coabitação falhada que desencadeou a crise que paralisou a Guiné-Bissau de 2015 aos dias de hoje, quando a expectativa era de mudança e de esperança num futuro melhor para a Guiné-Bissau e para todos os Guineenses.

O Sr. Presidente da República sabe e deverá concordar comigo, que também se inclui no todo dos problemas que originaram a crise a que ainda assistimos e deveremos continuar a assistir se nada for feito para que tenha fim, através do diálogo político, de consensos à volta do interesse nacional e da promoção da harmonização social.

Por isso, peço-lhe que continue a melhorar a sua aprendizagem ao longo da vida, particularmente, no que tange ao exercício do cargo de Presidente da República, com humildade e tendo a manifestação do povo como matéria diária de aprendizagem no exercício de servir esse mesmo povo.

Espero que decida pela definição urgente de que governo será formado, e que promova uma nova ronda negocial multidisciplinar para harmonizar um novo ambiente capaz de desbloquear o funcionamento da Assembleia Nacional Popular.

Creia-me, Sr. Presidente da República que a maioria dos guineenses, não lhe dará mais 3 anos de aprendizagem e benefício da dúvida, ou seja, doravante, não pode desperdiçar mais nenhum dia do exercício do seu cargo em proveito que não da satisfação do colectivo.

Positiva e construtivamente.

Didinho 12.05.2016
Didinho 12.05.2016

2 comentários:

  1. Gostei da tua opinião Senhor Fernando Casimiro. Todos nós podemos criticar,críticas construtivas sem ofensas... A tua carta diz tudo... Many thanks

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  2. Gostei da tua opinião Senhor Fernando Casimiro. Todos nós podemos criticar,críticas construtivas sem ofensas... A tua carta diz tudo... Many thanks

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