O PAIGC deve reavaliar os seus Estatutos, tendo em conta o seu enquadramento com a Lei-Quadro dos Partidos Políticos...
Apesar da última resolução do PAIGC que instava os dirigentes deste partido a não integrarem ao Executivo de Umaro Cissokó, viu se integrar muitos militantes e dirigentes do PAIGC, ao todo são 16 elementos do PAIGC, sem contar com o próprio Umaro Cissokó.
Se o PAIGC assumisse as suas responsabilidades para com a Guiné-Bissau, enquanto Estado de Direito Democrático e para com o povo guineense, analisando com prudência o compromisso eleitoral que lhe proporcionou a vitória nas eleições legislativas de 2014 com maioria absoluta, certamente a disputa do poder pelo poder, designada de crise política, não o relegaria para fora de qualquer Governação ao longo desta legislatura, mesmo no caso de haver dissolução da Assembleia Nacional Popular.
Não o permitiríamos, enquanto cidadãos e defensores da Constituição e das Leis da República, mas o PAIGC perante violações da Constituição e das Leis da República, respondeu com outras violações à Constituição e às Leis, optando por estratégias de confrontação e de bloqueio das instituições da República, ignorando por completo o compromisso para a viabilização do país, capaz de tornar possível a satisfação das necessidades colectivas que é uma das principais atribuições da Governação.
O PAIGC não soube concluir que a disputa do poder designada de crise política era e continua a ser um potencial factor de divisão, desgaste e destruição do próprio partido, o que lhe impunha/impõe uma estratégia realista e prudente, suportada por um levantamento rigoroso, imparcial e objectivo da situação de conflito interno, através da promoção e realização de jornadas de reflexão e debates internos, em harmonia, liberdade e tolerância, no respeito pela divergência de opinião, capazes de fazer transparecer e dar a conhecer os sintomas do mal-estar e da consequente divisão no partido.
Os levantamentos internos dos problemas do partido, feitos em nome do compromisso partidário, com rigor, imparcialidade, objectividade e prudência, ajudam a encontrar respostas e soluções para resolver de forma democrática e tolerante os problemas de relacionamento que minam a confiança e fomentam gradualmente uma potencial implosão do partido.
Ajudam igualmente a criar mecanismos de prevenção de novas ocorrências, baseados na promoção de uma verdadeira cultura democrática assente no respeito pela tolerância, pelo pluralismo de ideias e opiniões no partido.
O PAIGC deve reavaliar os seus Estatutos, tendo em conta o seu enquadramento com a Lei-Quadro dos Partidos Políticos e numa perspectiva dos Direitos Fundamentais, com a Constituição da República. Um militante de qualquer que seja o partido político é um ser humano e um cidadão, por isso, não se deve penalizar pessoas, militantes, com base numa disciplina partidária desarticulada com a Lei-Quadro dos Partidos Políticos e com a Constituição da República.
Se o PAIGC tivesse promovido e insistido na reconciliação interna e no resgate da “unidade e luta” do partido, certamente a disputa do poder pelo poder, designada de crise política há muito teria sido ultrapassada.
Não teríamos um país bloqueado e a saque.
Não teríamos este e outros governos, que não governos do PAIGC em função da sua vitória nas eleições legislativas de 2014 com maioria absoluta.
O PAIGC falhou e ao longo desta disputa do poder pelo poder, designada de crise política, as nossas críticas e sugestões foram sempre no intuito de chamar o PAIGC à responsabilidade, bem como outras partes da disputa.
O papel de um pensador, de um intelectual, não é promover a divisão e consequentemente prejudicar o país. A visão de um intelectual, ainda que suscite discórdia, deve ser analisada e considerada numa perspectiva positiva de potenciar outros pontos de vista, contrariamente à unanimidade de pensamento e de acção, por conveniência, que tem prejudicado a Guiné-Bissau e os guineenses perante assuntos simples e de fácil resolução que se tornam complexos e de difícil resolução com o tempo e quando aqueles que têm visão se ficam pelo silêncio ou são ignorados.
O PAIGC não tem agido bem ao longo desta disputa de poder designado crise política, acabando por perder tudo, prejudicando o país e o povo.
Quando se devia aconselhar o Presidente do Partido a reflectir, a ouvir conselhos de dentro e de fora, diferentes do "empurrão" para a confrontação, uns e outros faziam questão de vangloriar que a confrontação era a melhor opção, ignorando a necessidade de se elaborar uma estratégia inteligente para lidar com a disputa de poder designada crise política.
Chegados aqui, seria importante que o partido promovesse jornadas de reflexão no intuito de se regenerar e se preparar para as próximas eleições legislativas de 2018, sem contudo sair de cena ao longo do restante desta legislatura. O PAIGC ainda pode ser útil ao país no Parlamento, por isso, não deve continuar a ignorar as suas responsabilidades enquanto partido vencedor das eleições legislativas de 2014 com maioria absoluta.
Ao PAIGC aconselha-se o uso da sua influência junto da Mesa da Assembleia Nacional Popular no sentido de se desbloquear o parlamento, assumindo as suas responsabilidades como partido na oposição face ao actual cenário e aí, fiscalizar a acção governativa deste novo governo. Isso também é servir o país e os guineenses, caso contrário, o bloqueio do parlamento continuará a prejudicar a Guiné-Bissau e os guineenses, beneficiando uma governação sem fiscalização, quiçá, o saque ao tesouro público e outros.
É importante que o PAIGC tenha em conta que precisa reconciliar-se com o povo guineense e as eleições legislativas serão em 2018. Pode parecer muito tempo, mas na verdade é pouco tempo.
É importante que o PAIGC saiba aprender com os erros desta disputa de poder pelo poder designada de crise política.
Positiva e construtivamente
Sem comentários:
Enviar um comentário