terça-feira, 1 de janeiro de 2019

GUINE BISSAU: POR OCASIÃO DO FIM DE ANO O PRESIDENTE JOMAV DIRIGIU MENSAGEM A NAÇÃO


REPÚBLICA DA            GUINÉ-BISSAU 

Presidência da República
Mensagem à Nação de Sua Excelência
Dr. José Mário Vaz
Presidente da República
Por ocasião do Novo Ano

31 de Dezembro de 2018

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Caros Guineenses,
Aproveito esta oportunidade para apresentar os meus mais calorosos cumprimentos de Novo Ano – a todos os guineenses, residentes no país ou na diáspora e igualmente aos cidadãos estrangeiros que escolheram o nosso país para viver e trabalhar.

De igual forma, aproveito esta ocasião para deixar uma palavra de apreço e de gratidão as nossas forças de Defesa e Segurança, que trabalharam arduamente ao longo deste ano para manter o clima de paz civil e segurança interna que hoje desfrutamos no país, e com o apoio das mulheres e homens que integram a força da ECOMIB numa missão de paz e que passam mais uma quadra festiva connosco.

Desejo a todos, um Feliz Ano de 2019 e faço votos que seja um Ano de Consolidação do Poder Democrático na Guiné-Bissau.

Caros Compatriotas,
Estamos a prepararmo-nos para mais uma passagem de ano. Este ano, é minha quinta passagem do novo ano no Palácio da República e quatro anos e seis meses no mandato como Presidente.

Desde as primeiras eleições multipartidárias na Guiné-Bissau há 24 anos, nunca chegamos ao termo de uma legislatura sem interrupções de circulo politico e sem golpes de estado.

Hoje, pela primeira vez estamos a assistir de forma ininterrupta o Poder Legislativo, Executivo e Presidencial, poder este exercido sem espancamentos, sem mortes, sem prisões arbitrarias por questões politicas e sempre respeitando as liberdades de expressão, de manifestação e de imprensa.

Como é do conhecimento de todos, não foram anos e nem dias fáceis até chegarmos onde estamos hoje.

Porque os interesses instalados ao longo de muitos anos, que impediram a Guiné-Bissau de avançar e é contra estes interesses que temos estado a lutar desde a nossa chegada a esta casa do povo.

Em nome desta luta, orgulho-me de vos dizer que a Guiné-Bissau nunca foi a Guiné de Jomav, nem da família de Jomav e nem dos amigos do Jomav.

A Guiné-Bissau é dos guineenses e é de todos e para todos, e eu enquanto Presidente da República serei o Presidente de todos os guineenses sem distinção de raça ou cor, de tribo ou religião, de pobre ou rico. Pelo que, não haverá guineenses nem de primeira ou de segunda, nem do interior, das ilhas ou da cidade, porque nascemos todos com direitos iguais e devemos gozar da mesma igualdade de oportunidade.

Tenho dito em muitas ocasiões, o Guineense quando quer faz!

Afinal é possível um Presidente da República cumprir o seu mandato de 5 anos.

Afinal uma Legislatura pode chegar o término de 4 anos sem interrupções.

Caros Irmãos Guineenses,
O ano de 2018, foi o ano marcado pelo diálogo e pela liberdade, e eu, enquanto Presidente da República, estou certo que esta foi a melhor via para aproximar mais os guineenses.

Respeitando a opinião de cada um, mesmo em momentos difíceis, tenho permanecido em silêncio, porque tudo tem o seu dia e a sua hora certa.
É chegada a hora de nos entendermos como irmãos, e cada um deve colocar todo o seu saber ao serviço do nosso país e do nosso povo. Nem tudo nesta vida é fácil, mas com certeza nada é impossível.

Temos de confiar mais em nós próprios e com sentido patriótico, devemos juntos virar a página e dar início a uma nova fase na história da Guiné- Bissau.

Irmãs e Irmãos Guineenses,
O Presidente da República acima de tudo é um cidadão, como qualquer outro cidadão guineense, o que o diferencia é o facto de ter merecido a confiança dos seus compatriotas e, como tal, é o defensor supremo dos interesses da República. A pensar no bem- estar da população tudo fez para por fim à crise político-institucional que o país viveu há mais de 3 anos.

Esta crise foi um verdadeiro exercício de democracia, onde todos os políticos deram a conhecer a sua verdadeira face. Assim, foi permitido ao povo guineense conhecer e formar a sua própria opinião sobre cada um de nós, facilitando-lhe a escolha dos futuros dirigentes do país.

Caros Compatriotas,
Infelizmente, apesar das eleições terem sido marcadas para o dia 18 de Novembro de 2018, por razões várias o governo resultante dos entendimentos de Lomé, não as conseguiu realizar na data prevista.

Mas tendo sempre em conta a necessidade imperiosa de preservação da paz e da estabilidade, o Presidente da República marcou definitivamente a nova data das eleições legislativas para o dia 10 de Março de 2019. Esta data, foi vivamente defendida pelo Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e foi também da preferência da maioria dos partidos políticos na auscultação efectuada, afim de evitar futuras reclamações e eventuais impugnações do processo eleitoral.

Reafirmo que é a minha convicção e acredito ser a vontade de todos os guineenses que estas eleições sejam justas, livres e transparentes, gozando do princípio da igualdade e das mesmas oportunidades.

A vontade do povo que será expressa nas urnas deverá ser um factor de estabilidade e de unidade e não de contestação e perturbação da paz social que muito nos custou a construir.

Temos todos de trabalhar no único sentido de manter este clima de paz civil e segurança interna, antes, durante e pós-eleições, pois é fundamental para o desenvolvimento do nosso país. Por este motivo, conto com o apoio de todos os guineenses, em especial das nossas mulheres e mães, dos nossos jovens e dos nossos irmãos que vivem na diáspora – este país é nosso e o destino depende de todos.

Mas quero aqui deixar um apelo aos dirigentes do país de que a maioria da população, é constituída por mulheres e jovens, que não estão a ser suficientemente valorizados.

Aos Partidos Políticos que tenham em conta a lei da paridade, que foi promulgada em 2018 para que haja um justo reconhecimento das mulheres na sociedade de acordo com as suas competências.

Aos nossos irmãos da diáspora para regressarem a casa e darem o seu contributo pondo o seu conhecimento ao serviço do país sobretudo o que aprenderam ao longo das suas experiências de emigração, muitas vezes amargas, mas importantes para a nossa vida colectiva.

Irmãs e Irmãos,
Convido a todos e sem excepção para que no dia 10 de Março de 2019 não deixem de exercer o seu direito de voto, um direito igual para todos, cada cidadão vale 1 voto, e não votar significa não exercer o direito que a constituição lhe reserva.

Votar nas próximas eleições será mais fácil do que nunca para todos os guineenses porque temos a opinião formada sobre os partidos e os dirigentes político-partidários da nossa praça e de forma consciente e em liberdade poderemos dar o nosso voto de confiança à formação politica que irá conduzir o destino do país nos próximos quatro anos.

2019 também será o ano das eleições presidenciais e, com um esforço adicional podemos realizar as eleições para o poder local democrático "autárquicas".

Caros Guineenses,
As eleições legislativas sem reformas não representarão a solução mágica para os problemas políticos na Guiné-Bissau. Após as eleições, impõe-se uma nova agenda nacional. É fundamental a reforma constitucional que permita a eliminação de focos de instabilidade institucional e a clarificação do sistema de governo, afim de permitir que os guineenses se pronunciem directamente sobre o sistema de governação actualmente em vigor.

O problema da Guiné-Bissau não são as pessoas, mas sim o sistema de governo. O sistema actual terá de mudar para dar lugar a um país novo, aquele que inspirou os pais fundadores da nossa República, forjada na luta armada contra o colonialismo.

Mulheres e Homens Guineenses,
Vamos iniciar um ANO NOVO, e com ele temos que renovar as nossas esperanças e ter a coragem de iniciar uma nova etapa que será marcada
por muitas mudanças na vida de todos nós.

Eu, na qualidade de Presidente de República, convido cada guineense a fazer uma reflexão sobre os acontecimentos que marcaram, a nossa vida em 2018. Olhemos para as nossas ações para com os próximos e retiremos as conclusões de forma objectiva.

Tenho dito que, em relação à crise político-institucional, não podemos isentar ninguém das responsabilidades que lhe cabe enquanto cidadão, ou seja, cada um de nós tem a sua quota parte de responsabilidade, seja ela directa ou indirecta, seja por acção ou por omissão do dever de participação cívica.

O Ano de 2018 foi marcado fundamentalmente por:

• O país continua a viver em clima de paz e estabilidade – e todos nós sabemos como é viver em sobressaltos.

• O país não conheceu qualquer tumulto ou agitação.

• A administração do Estado funcionou com regularidade, a sociedade prosseguiu a sua vida na acalmia e com serenidade, não há registo de violência ou de violação de direitos humanos.

• A atividade económica prosseguiu o seu curso normal, as atividades produtivas conheceram um incremento normal, nomeadamente a produção de arroz e da castanha de caju.

• Demos um passo significativo no sentido de garantir a representação equitativa entre homens e mulheres. O Parlamento da Guiné-Bissau aprovou uma Lei que garante a quota mínima de 36% de representação das mulheres a nível de cargos elegíveis, sobretudo na Assembleia Nacional Popular e no Governo.

A instabilidade governativa e os mal-entendidos ganham maior expressão a partir do exterior e com o apoio daqueles que não querem ver e nem querem acompanhar a verdadeira realidade do dia-a-dia no nosso país.

O problema da Guiné-Bissau reside na realidade da perceção que os adversários do nosso progresso criaram junto de alguns parceiros externos.

Na origem dos problemas que o nosso povo enfrenta está uma questão de ética na política, uma questão de moral e de valores, que para alguns desapareceram da arena política e agora prevalece a lei do “vale tudo”.

Aqueles que até hoje foram os únicos benificiários continuam a lutar para manterem a todo o custo os seus privilégios face à maioria do nosso povo.

• São esses os adversários do progresso e da igualdade pela qual eu luto;
• São esses os que estão contra o “Mon na Lama” e o “Dinheiro do Estado no cofre do Estado”, afim de enfrentarmos os desafios do nosso tempo;
• São esses os que cozinham alianças externas em prejuízo dos reais interesses do nosso povo;
• São sempre os mesmos, que denigrem a imagem externa do nosso país junto da comunidade internacional, criam o fantasma da instabilidade e provocam a humilhação externa do nosso país, do nosso povo, das nossas instituições e dos seus dirigentes;
• São esses irmãos que apenas olham para os seus interesses pessoais e de grupo.

Guineenses, Façamos de 2019 o Ano da Consolidação do Poder Democrático!

Mulheres e Homens Guineenses,
Contra todas estas adversidades só a união fará a diferença e terá que ser esta a nossa ferramenta, a nossa força e a nossa esperança para construirmos um futuro melhor para todos.

Antes de terminar, gostaria de mais uma vez renovar os votos de um próspero Ano Novo e saudar a todos os guineenses e cidadãos estrangeiros que escolheram a Guiné-Bissau como terra de
residência e de trabalho.

Quero deixar aqui o nosso reconhecimento e gratidão a todos os nossos parceiros internacionais e regionais, países e organizações, que estiveram sempre ao lado da Guiné-Bissau, em especial a CEDEAO que tem apoiado o nosso país na busca de caminhos para a consolidação da paz e da estabilidade.

Eu nunca deixei de acreditar na Guiné-Bissau, apesar de todas as adversidades que tem posto à prova a nossa crença. Peço-vos que acreditem porque é possível reconstruirmos o nosso país!

A todos os guineenses um Feliz Ano Novo!

Viva a República da Guiné-Bissau!

Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e ao seu povo!

Pá Mufunessa Larga Guiné

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1 comentário:

  1. Porque é que este senhor se lembrou agora de querer mudar a constituição? Para ficar sempre no poleiro

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